por Márcio Araújo
Na madrugada eu desperto no inverno de minha existência.
Imóvel, rígido, contemplo a exuberância da vida ao meu redor.
Quero interagir mas percebo que minha forma mineral limita minha atuação.
Primeiro devo aprender.
Sinto o sopro do Criador agitando minha copa.
Curvo-me, resiliente.
Na Primavera, a Grande mãe gentilmente me nutre.
Acumulo experiências na aurora do meu ser.
É verão.
Corro agilmente pelos campos.
Ao meio-dia, sinto o sangue correndo dentro de mim.
Experimento com meus irmãos a sensação da caça.
No Outono, sou o senhor de meu castelo.
Em meu trono de pedra eu sento e reflito.
Minhas ações ecoarão em minha jornada.
O crepúsculo anuncia o início de um novo ciclo.
Eu sou pedra, sou carvalho, sou lobo e sou homem.
Sou o resultado de minhas experiências.
Sigo pela Grande Estrada.
Meu espírito é livre para voar.
30 de Outubro de 2014